Depois de você, continuação de Como eu era antes de você, dá
sequência à história de Lou Clark. Morando em um flat em Londres, ela
trabalha agora como garçonete em um pub no aeroporto. Certo dia, após beber
muito, Lou cai do terraço. O terrível acidente a obriga a voltar para a casa de
sua família, mas também a permite conhecer Sam Fielding, um paramédico cujo
trabalho é lidar com a vida e a morte, a única pessoa que parece capaz de
compreendê-la.
Ao se recuperar,
Lou sabe que precisa dar uma guinada na própria história e acaba entrando para
um grupo de terapia de luto. Os membros compartilham sabedoria, risadas,
frustrações e biscoitos horrorosos, além de a incentivarem a investir em Sam.
Tudo parece começar a se encaixar, quando alguém do passado de Will surge e
atrapalha os planos de Lou, levando-a a um futuro totalmente diferente.
Leia um trecho da
aguardada sequência do romance de Joo Moyes em primeira mão, que chega às
livrarias em 15 de fevereiro.
“Chego em casa à
uma e quinze e entro no apartamento silencioso. Troco a roupa pela calça do
pijama e um moletom com capuz, depois abro a geladeira, pego uma garrafa de
vinho branco e sirvo uma taça. Está tão ácido que franzo os lábios. Dou uma
olhada no rótulo e me dou conta de que devo ter aberto na noite passada e me
esquecido de tampar. Então decido que nunca é uma boa ideia pensar muito nessas
coisas. Segurando a garrafa, me jogo numa cadeira.
Há dois cartões
no console da lareira. Um é dos meus pais me desejando feliz aniversário. O
“parabéns” da minha mãe é tão incisivo quanto uma punhalada. O outro é da minha
irmã, sugerindo que Thom e ela venham passar o fim de semana aqui. Já faz seis
meses. Há duas mensagens de voz no meu celular, sendo que uma é do dentista. A
outra, não.
Oi, Louisa. Aqui é Jared. A gente se conheceu no Dirty Duck.
Bem, a gente ficou (risada abafada, esquisita).Foi só… sabe… eu gostei. Pensei
que talvez pudéssemos repetir. Você tem meu número…
Quando acaba o
conteúdo da garrafa, penso em comprar outra, mas não quero sair de novo. Não
quero ouvir o Samir do mercado vinte e quatro horas fazer uma de suas piadas
sobre minhas garrafas de Pinot Grigio. Não quero ter que falar com ninguém. De
repente me sinto exausta, mas é o tipo de exaustão que faz a cabeça zumbir e
significa que, se eu for para a cama, não vou conseguir dormir. Por um
instante, penso em Jared e no fato de que suas unhas tinham um formato
estranho. Estou me preocupando com unhas de formato estranho? Encaro as paredes
vazias da sala e subitamente me dou conta de que na verdade preciso de ar.
Preciso mesmo de ar. Abro a janela do corredor e, sem firmeza, subo a escada de
incêndio até chegar ao telhado.
A primeira vez
que subi, nove meses atrás, o corretor me mostrou como os inquilinos anteriores
haviam montado um pequeno jardim lá em cima, espalhando alguns arbustos em
vasos de metal e colocando um banquinho.
“O terraço não é
oficialmente seu”, dissera ele, “mas o seu apartamento é o único que tem acesso
direto. Acho bem agradável. Você poderia até dar uma festa aqui em cima!”
Fiquei olhando
para ele, me perguntando se eu parecia o tipo de pessoa que dava festas.
Já faz tempo que
as plantas murcharam e morreram. Pelo visto, não sou muito boa em cuidar das
coisas. Estou de pé no telhado, observando a escuridão bruxuleante de Londres
lá embaixo. À minha volta, há um milhão de pessoas vivendo, respirando,
comendo, discutindo. Um milhão de vidas completamente diferentes da minha. É um
tipo estranho de paz.
As luzes
amareladas brilham enquanto os ruídos da cidade sobem no ar noturno, motores
aceleram, portas batem. Vários quilômetros ao sul, o barulho brutal e distante
de um helicóptero da polícia, o feixe de luz vasculhando a escuridão à procura
de algum malfeitor que sumiu em algum parque. Ao longe, uma sirene.
Sempre tem uma
sirene. “Não vai demorar muito para você se sentir em casa aqui”, dissera o
corretor. Quase caí na gargalhada. A cidade parece tão alheia a mim como sempre
pareceu. Mas, por outro lado, ultimamente todos os lugares parecem alheios a
mim.
Hesito, depois
subo no parapeito com os braços erguidos ao lado do corpo, feito uma
equilibrista ligeiramente bêbada. Colocando um pé na frente do outro, ando
devagarinho pelo concreto e a brisa arrepia os pelos dos meus braços. Logo que
me mudei para cá, quando tudo me atingiu com mais força, às vezes eu me
desafiava a andar de uma extremidade a outra do prédio. No momento em que
chegava do outro lado, eu ria sob o ar noturno. Viu? Estou aqui, viva, bem no
limite. Estou fazendo o que você mandou!”
Leia mais aqui.